Trecho do Jornal Freguesia Velha
“O local denominado “Capela da Cruz do Negro” é um sítio que existe aproximadamente há 300 anos.
Segundo os moradores mais antigos,
num passado longínquo, dois escravos fugiram de Xiririca, no Vale do
Ribeira, atual cidade de Eldorado Paulista, na época em que ali haviam
garimpeiros em busca de ouro em fins do século XVII.
Estes negros em fuga chegaram onde
hoje se encontra a cidade de Ribeirão Grande mais propriamente no bairro
Ouro Fino. Um deles, faminto e esgotado de tanto andar pela mata
fechada da Serra do Paranapiacaba, parou e sentou enquanto o outro foi
buscar ajuda.
No poema “A Cruz do Negro” de seu Joaquim Gabriel, é contada com riquezas de detalhes o decorrer desta história:
“Rezando pra achar um homem que matasse aquela fome e contente ele ficou
bem lá longe na baixada viu uma luz muito fraquinha e, ô de casa gritou.
Apareceu uma velhinha muito magra e bem pretinha e pro negrinho perguntou
o que você procura nesta noite escura? A sorte que você me achou!
O negrinho respondeu: É que um irmão
meu de fome adoentou, a velhinha olhou pro lado vou lhe arranjar um
virado, mas a viagem não adiantou.
Vá de volta de onde veio corte
caminho pro meio vosso irão não aguentou, o negrinho ficou branco tão
grande foi o espanto e correndo ele voltou, chegando perto do irmão viu
ele caído no chão e a história confirmou.
Ajoelhou e olhou para o céu de repente viu um véu e nessa hora chorou.
A mesma velhinha aparaceu fazendo prece e o negrinho falou: Você é Nossa Senhora já posso morre agora? E ali mesmo ele tombou!”
Daí por diante foi eternizada essa história nesse pedaço de terra.
A comunidade ergueu no local uma Cruz e construiu uma Capela.
Uma parteira das redondezas, Dona
Rita, dizia que os falecidos recém nascidos eram enterrados ao lado da
Capela, formando um pequeno cemitério de “anjinhos”.
Até algum tempo atrás as comunidades
vizinhas como a grande Freguesia Velha, Barro Branco, Charol, Ouro
Fino, Passagem e Maciel participavam antigamente das festas religiosas
na Capela Cruz do Negro, onde no dia 3 de Maio era comemorado o dia de
Santa Cruz.
Histórias como a do Senhor Adão
Paulo Ferreira, de 80 anos, que se recorda quando vendia pães caseirs
nas festas e rezas da Capela.
Fonte, retirada do informativo - gratuito - Capão Bonito/SP - Ano V - Nº 17 - Fevereiro/Março - 2013
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