terça-feira, 30 de junho de 2015

Capela da Cruz do Negro

Trecho do Jornal Freguesia Velha









O local denominado “Capela da Cruz do Negro” é um sítio que existe aproximadamente há 300 anos.
Segundo os moradores mais antigos, num passado longínquo, dois escravos fugiram de Xiririca, no Vale do Ribeira, atual cidade de Eldorado Paulista, na época em que ali haviam garimpeiros em busca de ouro em fins do século XVII.
Estes negros em fuga chegaram onde hoje se encontra a cidade de Ribeirão Grande mais propriamente no bairro Ouro Fino. Um deles, faminto e esgotado de tanto andar pela mata fechada da Serra do Paranapiacaba, parou e sentou enquanto o outro foi buscar ajuda.

No poema “A Cruz do Negro” de seu Joaquim Gabriel, é contada com riquezas de detalhes o decorrer desta história:

Rezando pra achar um homem que matasse aquela fome e contente ele ficou
bem lá longe na baixada viu uma luz muito fraquinha e, ô de casa gritou.
Apareceu uma velhinha muito magra e bem pretinha e pro negrinho perguntou
o que você procura nesta noite escura? A sorte que você me achou!
O negrinho respondeu: É que um irmão meu de fome adoentou, a velhinha olhou pro lado vou lhe arranjar um virado, mas a viagem não adiantou.
Vá de volta de onde veio corte caminho pro meio vosso irão não aguentou, o negrinho ficou branco tão grande foi o espanto e correndo ele voltou, chegando perto do irmão viu ele caído no chão e a história confirmou.
Ajoelhou e olhou para o céu de repente viu um véu e nessa hora chorou.
A mesma velhinha aparaceu fazendo prece e o negrinho falou: Você é Nossa Senhora já posso morre agora? E ali mesmo ele tombou!”
Daí por diante foi eternizada essa história nesse pedaço de terra. 

A comunidade ergueu no local uma Cruz e construiu uma Capela.
Uma parteira das redondezas, Dona Rita, dizia que os falecidos recém nascidos eram enterrados ao lado da Capela, formando um pequeno cemitério de “anjinhos”.

Até algum tempo atrás as comunidades vizinhas como a grande Freguesia Velha, Barro Branco, Charol, Ouro Fino, Passagem e Maciel participavam antigamente das festas religiosas na Capela Cruz do Negro, onde no dia 3 de Maio era comemorado o dia de Santa Cruz.
Histórias como a do Senhor Adão Paulo Ferreira, de 80 anos, que se recorda quando vendia pães caseirs nas festas e rezas da Capela.


Fonte, retirada do informativo - gratuito - Capão Bonito/SP - Ano V - Nº 17 - Fevereiro/Março - 2013 





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